domingo, 28 de setembro de 2008

Dois poemas de Rosiane Rodrigues

Rosiane Rodrigues
.
Invocação
.
anjo solitário
nos teus devaneios,
eu te invoco
no fim da estação
.
acende o brilho
das estrelas
no caminho
me estende a mão!
.
***
.
Voyeurismo
.
espreito teus olhos
curvas e linhas
delicado contorno
do teu corpo
.
espreito a ti
anjo que levita
e nos meus sonhos
coabita.

.
(Do livro “A tentacão do anjo”. Rosiane Rodrigues é médica, escritora e poeta, com vários livros publicados)

sábado, 27 de setembro de 2008

Lições do mestre Graciliano Ramos


Deve-se escrever das mesmas maneiras como as lavadeiras lá de Alagoas fazem o seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada,molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano molham-no novamente voltam a torcer, colocam o anil, ensaboam e torcem uma , duas vezes.
Depois, enxáguam. Dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano Na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra. Torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi feita para dizer.

(Graciliano Ramos em entrevista em 1948)

Sextilhas do JAC


A borboleta e a menina

Zealberto
*
A borboleta amarela
veio da rosa pra mim,
em minha mão calejada
deixou olor do jasmim,
um momento comovente
que só se vê num jardim.
*
A borboleta e a rosa
se confundem na folhagem,
uma nasce perfumada,
outra parece miragem,
uma vive no jardim
a outra está de passagem.
*
A menina acompanhou
aquela cena tão bela
desejando criar asas
e sair pela janela
beijando todas as flores
qual borboleta amarela.
*
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Recordando Florbela Espanca

Florbela Espanca
*
Charneca em Flor
*
Florbela Espanca
*
Enche o meu peito, num encanto mago,
O frêmito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...
*
Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
*
E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu bruel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...
*
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
*
(Este é m dos sonetos preferidos da amiga jornalista Edna Cunha)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Poema do JAC

Tragédia urbana
.
Chuva pesada
rasgando nuvens
inundou a noite,
abriu caminhos,
vazou riachos,
desceu encostas,
destruindo sonhos,
levando vidas.
.
O sol encontrou
a menina Estela
suja de lama,
tremendo de frio,
embalando o bebê
que Maria deixou
ao partir sem adeus
na força das águas.

.
Zealberto Costa

(Agosto/2008, em noite de muita chuva)
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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Primavera

*
Primavera

*
Lou Correia

*
Prenuncia-se, enfim, a primavera...
Eu quisera pensar como outrora,
Não achar que a vida é pura quimera...
Novamente olhar a todos com ternura,
Ver nas flores, sempre tão singelas,
Todos os matizes que a natureza lhes fizera!

*
Copyright © 1993 By Lou Correia
In "Centelhas do Meu Viver"
All rights reserved.
Publicado no Recanto das Letras em 22/09/2008
Código de texto: T1190864


Rogaciano Bezerra Leite
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Rogaciano Leite, nascido em Itapetim - PE, no Pajeú das Flores, poeta, advogado, jornalista (ganhador de dois Prêmios Esso, por reportagens publicadas na antiga revista O Cruzeiro), conferencista, ex-violeiro que nunca perdeu o jeito, falecido aos 49 anos, no Rio de Janeiro. Passou algum tempo em Alagoas cantando e desafiando violeiros famosos da região. É dele, do tempo em que andava com sua viola como um autêntico menestrel, a estrofe que se segue:
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Aqui por estas areias
Já correram muitos pés...
Estalaram muitos arcos,
Vibraram muitos borés...
Estes garbosos coqueiros
São fantasmas de guerreiros
Que o tempo não quis matar!
Estas palmeiras delgadas
São índias apaixonadas
Por homens brancos do mar!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Viva Movimento da Palavra

O grupo acima é responsável pelo surgimento do "Movimento da Palavra", que nasceu de encontros quinzenais realizados no Sebo e Café LivroLido, em Jaraguá (Rua Sá e Albuquerque), onde a palavra é livre e todos expõem suas opiniões democraticamente, apresentando trabalhos literários e traçando planos para o engrandecimento do Movimento. Não existem donos, regras a serem cumpridas, estatutos ou regimentos internos.
Na foto acima falta um dos pioneiros do Movimento, Dydha Lyra, grande poeta. Aí estão posando de intelectuais (da esquerda para a direita): Arlene Miranda, Lyz Carvalho, Valderez de Barros, Lou Correia, Sandredy Marzo e este aprendiz de blogueiro, Zealberto.


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Manu Melo abre seu Coração

ORAÇÃO DA MOÇA TRISTE

Manu Melo (*)

Senhor, acalma meu coração que tem orado pouco e errado muito.
Perdoa todas as vezes que dormi na metade da oração, pois não justifica o cansaço.
Perdoa Senhor, todas as vezes que deixei de cumprir com minhas obrigações de filha, de sobrinha, de neta, de amiga.
Perdoa todas as vezes que não fui visitar o Tio Zé no hospital, e perdoa os dias que não estava do lado do Tio Maresia enquanto ele sofria, pouco antes de falecer.
Perdoa as vezes que não consegui consolar minha vó por fraqueza. Todas as vezes que preferi sair a ficar com minha mãe.
Ai Senhor, me perdoa por não me dedicar mais na faculdade. Por querer fazer tudo de uma vez e acabar deixando muito sem fazer. Quando é, Senhor, que eu vou aprender? Por que crescer dói tanto? Por que amar se conjuga com tristeza?
Perdoa, também, por todas as vezes que magoei alguém. Todas as vezes que pensei maldades, que senti raiva e que odiei a atitude de alguém. Ah, como eu queria ser melhor! Como eu queria uma varinha mágica para que tudo fosse resolvido! Mas na verdade Senhor, diante de tudo que já foi pedido, só tenho a coragem de pedir mais uma coisa: Senhor, só me dê mais coragem pra prosseguir.
Só isso. Amém!

(*) Manu Melo (foto), estudante de Fisioterapia, é cronista nas horas vagas e minha eventual colaboradora na coluna Espaço Acadêmico, do jornal "A Notícia".
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Copyright 2008 by Manu Melo
All rights reserved.Maceió(AL), 18.09.2008

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Saudades de Paripueira...

Freqüento Paripueira desde a década de 70 e ao longo desses mais de 30 anos tenho visto, com tristeza, como os políticos têm desgastado este local outrora tão aprazível. O que tem sido feito pelo povo e pela cidade? Nada ou quase nada.
Outras municípios litorâneos estão se desenvolvendo, atraindo turistas, criando oportunidades para os seus filhos, movimentando o comércio, o artesanato, os bares e os restaurantes. O crescimento hoteleiro ao longo do litoral alagoano é uma realidade. Sem falar em Maragogi que ganhou tradição e fama internacional, podemos citar Japaratinga, Passo de Camaragibe, São Miguel dos Milagres (Porto da Rua) e, mais ao Sul, Marechal Deodoro, Barra de São Miguel, Coruripe, etc E Paripueira? Nada. Parece até que está fora do mapa. É uma pena.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tributo a Amaro da Rocha Guedes

Trovas de Amaro da Rocha Guedes
Ontem à noite eu não dormi
com o calor abrasador.
Mentira, tudo mentira,
foi pensando em nosso amor.
***
A minha triste cantiga
sai de minha inspiração,
e como um sopro divino
voa pro teu coração.
***
Muitas noites e senti
em meus ouvidos soprar,
era o teu anjo da guarda
de mansinho a me acordar.
O poeta e cronista Amaro da Rocha Guedes (foto) faleceu hoje, dia 11, deixando muita saudade e várias histórias por contar. Nascido em Quebrangulo (AL), ele foi Fiscal de Rendas do Estado e, posteriormente, funcionário do antigo Departamento dos Correios e Telégrafos, onde se aposentou. Suas crônicas saíram publicadas no antigo Jornal de Alagoas e em outros jornais da capital.
Em 2002, publicou o livro "Águas do Paraíba" contendo crônicas e poesias, sempre falando de sua terra e sua gente. Era casado com dona Nadege, deixou três filhos e netos.
Várias vezes foi à sua residência no bairro de Jaraguá (Rua Cristovão Colombo) para ouvir aquela prosa agradável, relembrando o Quebrangulo do tempo dos meus avós maternos e admirar os quadros pintados por dona Nadege. A casa dos Rocha Guedes era uma verdadeira pinacoteca, por falta de espaço, havia quadros até nos banheiros.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Síndrome do Medo


Zealberto (JAC)

Fecho-me em casa.
Fecho-me no carro.
Fecho-me no trabalho.
O medo me cerca,
a noite me apavora.
Perco a liberdade,
esqueço de viver,
aos poucos me fecho
dentro de mim mesmo.
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Copyright 2008 by Zealberto
All rights reserved.

Maceió(AL), 09.09.2008
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domingo, 7 de setembro de 2008

Coisas silenciosas

Todas as coisas grandes são silenciosas, porque são intensa atividade e exuberante plenitude: a trajetória dos astros e dos átomos, o crescimento das plantas, a epopéia da luz, os mistérios da eletricidade, as maravilhas do pensamento, a grandeza do espírito, a vida eterna da Divindade – tudo isso é dinamicamente silencioso e inexaurivelmente fecundo.
Huberto Rohden.

sábado, 6 de setembro de 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Carlito Lima na Academia Alagoana de Letras

Recado de Cidinha Madeiro, via "VersoReverso", para o novo imortal Carlito Lima:
"Meu caro amigo Carlito,
Parabéns pela eleição para a Academia Alagoana de Letras!Acadêmico de fato e direito você já é há muito; a eleição apenas oficializa o que os seus leitores pensam de você: um escritor de talento. "O vírus do amor ao livro é incurável, e eu procuro inocular esse vírus no maior número possível de pessoas." (JOSÉ MINDLIN - Bibliófilo e escritor brasileiro)
Prossiga nesta luta,nesta sana loucura,contagiando as pessoas com seu carisma, o seu talento e o seu bom humor dignos de serem imitados. Tenho muito orgulho de ser sua amiga e leitora de carteirinha. Cidinha Madeiro
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Recadinho aqui do Blogueiro:
Parabéns, Velho Capitão, foi uma vitória merecida.
Um abraço do seu leitor e admirador,
JAC

quinta-feira, 4 de setembro de 2008