domingo, 30 de novembro de 2008

Poemas de Rosimeire Rodrigues Cavalcanti

Rosimeire Rodrigues Cavalcanti
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Busca
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Buscou no céu
Uma estrela
Retornou com as mãos
Cheias de vento.

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Da estrela, o peso
Ausência de forma
Luz e cor.
Cansou de buscar
Sua estrela.

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Acomodou no ser o vento
Descrente no amor
Sem querer, nem poder ter...
No céu, uma estrela.
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Espera
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Estrela-guia
guiada, guiando
o nômade errante,
vida sem rumo,
rumo sem eu.
Contrapondo o ponto
sem pranto
vazia, esperança-guia
a esperar quer ser
embora sem ter,
da estrela-guia
a luz.
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Rosimeire Rodrigues Cavalcanti é médica, com especialização em psiquiatria, professora universitária, diretora do Hospital Escola Portugal Ramalho. Os poemas acima fazem parte do livro publicado em parceria com seu irmão Roberto Antonio Rodrigues, "Dois poetas - Algumas poesias" (Editora Catavento, Maceió-AL, 2006).

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Poema de Carlos Pena Filho

Carlos Pena Filho com a filha Clara
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Para fazer um soneto
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Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
e espere pelo instante ocasional.
Nesse curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial.
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Aí, adote uma atitude avara:
se você preferir a cor local,
não use mais que o sol de sua cara
e um pedaço de fundo de quintal.
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Se não, procure a cinza e essa vagueza
das lembranças da infância, e não se apresse,
antes, deixe levá-lo a correnteza.
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Mas ao chegar ao ponto em que se tece
dentro da escuridão a vã certeza,
ponha tudo de lado e então comece.
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Carlos Pena Filho, poeta e jornalista pernambucano, faleceu vítima de um acidente de trânsito, em Recife (PE), em junho de 1960, aos 31 anos de idade, quando era aclamado como um dos artífices da nova poesia brasileira. O soneto acima integra o livro “Melhores Poemas - Carlos Pena Filho” (Global Editora, Recife - PE).

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Poemas de Mellina Torres Freitas

Mellina Freitas
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Fina Inspiração
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Mesmo sabendo que sou ausente,
andarilho cheio de paixão,
relembrando beijos eloqüentes
imortalizando-os em outros corações,
agora peço-te que sejas meu.
Com você seguirei eternamente,
linda flor, inspiradora dos meus versos,
estrela maravilhosa do universo.
Andando por eternas madrugadas,
decifrando a vida já decrescente,
estarei te esperando quando quiser, no mar.
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O amor
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O amor é como o mar,
convidativo e envolvente.
Às vezes devagar,
remando contra a corrente;
às vezes, por muitas vezes,
deságua dentro da gente.
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O amor é como o vento,
pairando sobre a cidade.
Às vezes, brisa serena
soprando ao cair da tarde;
às vezes, por muitas vezes,
inconstante tempestade.
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Mellina Torres Freitas nasceu em Maceió, é advogada, escritora e poeta. É membro do Grupo Literário Alagoano, da Academia Alagoana de Letras e Artes da Magistratura e Sócia Honorária da Academia Maceioense de Letras. Publicou o livro de poesias “O Vôo das Borboletas” (Editora Catavento, Maceió-AL, 2005), de onde foram extraídos os poemas acima. Prepara um livro de crônicas ainda sem título. Aos 24 anos enveredou pela política, seguindo a tradição familiar, e elegeu-se prefeita do município de Piranhas (AL), terra natal de seu pai, onde viveu grande parte de sua vida.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Dois poemas de Lêda Mello

Lêda Mello
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Matizes
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Tomei emprestado
o teu bloco de notas
onde tu escreves,
numa mesma versão,
as tuas histórias
de mil personagens,
em pálido grafite.
Abri uma página
e com o lápis da alma,
de cores eternas,
escrevi o mais belo
poema de amor.
Coloquei matizes...
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Desperdício
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Tolice
encerrar-se na torre,
vedar as saídas,
agarrar-se aos fantasmas,
temer descobrir-se,
enfurnar-se no orgulho
de crenças senis,
criando desculpas
para não ser feliz.
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Lêda Yara Motta Mello é Terapeuta Holísitca, vive em Arapiraca, onde nasceu e mantém sua Clínica (http://ledayara.terapiaholistica.net/pages/inicial.php), ministrando cursos de Relaxamento e Meditação. Nas horas vagas, que são poucas, escreve belos poemas publicados em vários sites especializados. Quando estudante viveu em Maceió, foi atriz, participando de várias peças teatrais, sendo a mais famosa "O Auto da Compadecida".

domingo, 9 de novembro de 2008

Poemas de Elizabeth Carvalho Nascimento

Sonata
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Lembra o tropeço do minueto
que dançamos pela vez primeira?
Lembra o licor que restou
no primeiro sonho lugar comum?
Lembra o adágio sonolento
que parou na quinta nota difusa?
Lembra do adargueiro
que na falta de guerras
escudava o amor?
Lembra da tosca azenha de vovó
que girava moendo segredos?
E ficamos no ar
eternos ébrios
do amor que sequer começou
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Timidez
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Ao fitar seus olhos
me vem patética timidez
tão tola
quanto o preconceito
enfrentado pelo solitário pingüim
que estático
na fantasia do pólo
repousa acima de nós
sobre a geladeira
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Elizabeth Carvalho Nascimento é desembargadora e, a partir de fevereiro/2009, será a primeira mulher a presidir o Tribunal de Justiça de Alagoas. Os poemas reproduzidos acima fazem parte do seu livro "Da Cor do Passado" (Editora Catavento - Maceió-AL, 2007).

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Dois poemas de Aydete Vianna de Lima

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Ah, esta dor!
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Noite sem lua,
Deixa que me abrigue
No teu manto
De infinita escuridão.
Apanha-me em teus braços
De suave negrura
E por um leve momento
Aplaca esta dor
Que o mundo me causa.
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Seu Amor
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Concentro no corpo
O perfume de todas as flores
A luz de todas as estrelas.
Cantam em mim rios correntes
Pássaros alegres e fontes.
Dançam em mim as borboletas
Como se eu fosse um jardim.
Seu amor me transmuda em festa
Faz dos meus sonhos, canções
E de minha alma, a paz.
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Aydete Vianna de Lima nasceu em Maceió, é advogadas formada pela Universidade Federal de Alagoas, é Procuradora de Justiça (aposentada), jornalista e poetisa. Os poemas acima estão no seu livro “As Guirlandas de Puck”, Edições Catavento, Maceió-Alagoas (2003).