sábado, 20 de dezembro de 2008

Poesia de Lou Correia

Sob a neve...
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Lou Correia
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e a neve chega...
aos poucos vai enchendo de misterio
a rua, o caminho, minha'alma
e todo esse universo de uma brancura infinita, bela, gelada...
paradoxalmente aquecedora,
assim...como a luz que refletem os olhos teus...!!!
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LOU CORREIA, poeta, pernambucalagoana, criada e vivida perto dos 40 graus positivos, contando vantagens dos 15/17 graus negativos de Minneapolis - MN, nos States, aquecida pelo calor do filho Junior Brasil, aguardando o momento de dançar a tradicional valsa durante os festejos da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Barak Obama. na Casa Branca.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Poesia de Enaura Quixabeira

Enaura Quixabeira
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Instantes de tua presença
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Amado meu,
- porta entreaberta de meus sonhos –
vejo-te, hoje, chegar
devagarzinho,
escancarando a porta
de minha vida.
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Distante de ti,
sou palavra nua,
despida de significado.
Junto de ti,
sou palavra viva,
derramando-me
em cascatas de alegria.
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Sonata de outono para
cordas doloridas
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O amor, canto suave,
às vezes se faz desafinação.
Seus agudos estilhaços
ferem, rasgam dilaceram.
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Insuportável dor
que parece não findar.
Mas, aos poucos, do fundo d’alma
sons de finíssima harmonia
irrompem
numa melodia triste e pungente.
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Sonata de outono
para cordas doloridas.

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Enaura Quixabeira Rosa e Silva, alagoana de Maceió, começou sua carreira literária em 1995, a com publicação do ensaio “A Alegoria da ruína”. É doutora em Letras pela Université Stendhal Grenoble 3 e mestra em Literatura Brasileira na Universidade Federal de Alagoas. Sócia efetiva da Academia Alagoana de Letras. Os poemas reproduzidos acima estão no livro “Sonata de Outono para Cordas Doloridas” (RG Editores – São Paulo – SP, 2004).

sábado, 13 de dezembro de 2008

Mario Quintana

Mario Quintana
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Os poemas
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Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
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Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
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Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube
o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!
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Mario de Miranda Quintana nasceu na cidade de Alegrete (RS), no dia 30 de julho de 1906, quarto filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico, e de D. Virgínia de Miranda Quintana. Com 7 anos, auxiliado pelos pais, aprende a ler tendo como cartilha o jornal Correio do Povo. Seus pais ensinam-lhe, também, rudimentos de francês. Faleceu em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994 O primeiro poema é do livro "Aprendiz de Feiticeiro (1950) e o segundo, do livro "Apontamentos de história natural" (1976).

Poema do Padre José Neto

Padre José Neto
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Os olhos
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Queres navegar no interior de alguém?
Olha para seus olhos!
Os olhos brilham...
Ofuscam!
Os olhos lacrimejam...
Se tornam áridos!
Os olhos pedem...
Negam!
Os olhos riem...
Se entristecem!
Os olhos confiam...
Desconfiam!
Os olhos escondem...
Mostram!
Os olhos acusam...
Defendem!
Os olhos amam...
Odeiam!
Os olhos enxergam...
Nada vêem!
São eles, a vitrine da alma!
Por eles o conhecido deixará de ser desconhecido,
mesmo que não seja totalmente conhecido!
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Padre José Neto de França nasceu no atual município de Carneiros - AL, entrou para o seminário aos 30 anos, hoje é Administrador Paroquial da Paróquia de São Cristóvão, em Santana do Ipanema – AL. O poema “Os Olhos” consta do seu livro “Não ser... Ser! Viver: um grande desafio” (Q Editora – Maceió – AL – 2008).

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

"Fiz um céu do teu suplício
pus riso na tua dor".
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Trecho da música "Número um", de Benedito Lacerda com letra do genial Mario Lago. Para lembrar do bom tempo em que os compositores faziam poesias da melhor qualidade. Um sucesso gravado por Orlando Silva - o Cantor das Multidões (1939).

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sonetos de JUCÁ SANTOS

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Muitos anos depois
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Muitos anos depois, o nosso amor
Possui a mesma força do passado.
O mesmo sonho que já foi sonhado
E o mesmo verdadeiro resplendor
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Muitos anos depois, o mesmo amor
Que entre nós dois havia, permanece,
Como se fosse a fervorosa prece
Que, juntos, dirigimos ao Senhor!
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Muitos anos depois, as nossas vidas
Continuam marchando sempre unidas
Na realização dos seus projetos.
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Muitos anos depois, mil estribilhos,
Cantamos, em louvor dos nossos filhos
E nossos tão abençoados netos
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Agonia do poeta
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Quero escrever, mas algo me atormenta...
Nem um verso, sequer, me brota d’alma.
Uma vontade louca me impacienta
E lentamente eu vou perdendo a calma.
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Essa vontade que me surge lenta,
Rapidamente, dentro em mim se espalma.
Meu coração, depressa, então rebenta
As cadeias que o prende e não se acalma.
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Quero escrever, meu Deus! Quero escrever!
Minh’alma tristemente quer dizer
Seu sofrimento ao mundo de ilusão.
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É inútil tentar e eu fico mudo,
Pois se tenho papel e pena e tudo...
Me falta o principal: INSPIRAÇÃO!
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Cláudio Antonio JUCÁ SANTOS, advogado, escritor e poeta, é natural de Maceió, onde nasceu no dia 10 de junho de 1933. Há vários anos preside a Academia Maceioense de Letras, da qual foi um dos fundadores nos idos de 1955. Dentre tantas honrarias recebidas ao longo dos seus 75 anos, recentemente foi homenageado pela Câmara Municipal, que lhe outorgou o título de “Cidadão Benemérito de Maceió”. Em agosto de 2005 foi eleito “Príncipe dos Poetas de Maceió”. É um dos maiores sonetistas alagoanos. Possui oito livros publicados além da participação em várias antologias brasileiras. Pertence a várias entidades culturais alagoanas e outras de âmbito nacional. Os sonetos acima foram extraídos do livro “Jardim Fechado” (Edições Catavento. Maceió-AL, 2003).