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Espera sob teto urgente
.Cavalcanti Barros
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Fios de chuva,cortina de cristais líquidos.Composição cúmpliceda espera improvisada.Biqueira antigafoi teto urgentepara ver passagemda tua passagem.
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Passaram por mim os felizes:os mendigos,os ébrios,os cães sem dono,e os sem lar(os sem patrimônio sentimental).
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Até a chuva passou, de leve,indiferente.De sob meu teto urgente,só não vi passara tua passagem.
.Publicado no blog Movimento da Palavra (movimentodapalavra.blogspot.com)Copyright © 2010 by Cavalcanti Barros All rights reserved.
.Às vezes, as palavras queimam. Abrem lumes de prata na negrura da impossibilidade de as dizer. São lua que se derrete no mar. Luz. Música.
Silêncio líquido.
Nasce, então, a poesia: poeira lírica do céu que a mão frágil do poeta semeia.
Ousadia, talvez.
O poeta tem palavras enredadas nos dedos: rosários de amores e desencantos, de medos e de esperanças. Com elas, adoça a vida, escreve o mundo e partilha imagens como quem conta um segredo.
O poeta tem beijos na voz. E desenha com eles mapas de sentidos num tempo que não conta. Azul. Divinamente azul. Tecidos com fios de luz, bordados com o arrepio que o vento acende nas paredes dos olhos.
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"Sobre os poetas", Graça Alves, publicado no “Jornal da Madeira”, edição de 16/11/2010, Funchal.
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Poetas querem mais poesia na internet.
A internet atrai cada vez mais escritores e leitores de poesia, mas a poesia vista na rede ainda mantém os moldes tradicionais de verso e estrofe. Esse foi o tom do segundo Simpósio de Crítica de Poesia, organizado pelo Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília, que atraiu jornalistas, professores, pesquisadores e poetas. Eles discutiram as inúmeras possibilidades de fazer poesia diante das tecnologias de mídia do século XXI. O simpósio fez parte da Semana Universitária e contou com a presença dos poetas Nicolas Behr e Luís Turiba. .
Fonte: http://www.planetauniversitario.com/
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O Lírio
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Sabino Romariz (*)
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O lírio era uma flor imaculada,
Casta como um sorriso de Maria;
Flor de uma alvura tal que parecia
Ter sido feita de hóstia consagrada.
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Em Getsemâni, a face ensanguentada
Jesus tragava o cálix da agonia
e uma gota de sangue luzidia
Sobre um lírio caiu cristalizada.
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E nisto flor, sem mancha concebida,
foi-se tornando como que dorida
Tomando aquele tom violáceo, frouxo...
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E de como era outrora alvinitente
O lírio da Judeia, finalmente
Crepuscular ficou, tornou-se roxo.
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(*) Sabino Romariz (o velho) poeta, jornalista, professor e funcionário público, nasceu em Penedo (AL) em 15 de março de 1873 e faleceu na mesma cidade em 09 de maio de 1913. Do seu registro bibliográfico constam os livros Lama Sebacthani, Simoun, Toque d’Alva, Bibliário e Madalena, todos de poesia. É Patrono da Cadeira n. 15 da Academia Alagoana de Letras.
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Ilusão
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Tito de Barros
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Vivo de uma ilusão que me suplanta,
E o meu sentir ao mundo denuncia,
Pela sinceridade com que canta,
Buscando as portas de ouro da harmonia...
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Há, no seu todo, um resplendor de santa,
Com que meus pensamentos alumia,
E mais alto, meu canto ao céu levanta,
Na doce claridade do meu dia...
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Deus que me deste amor e sentimento,
E lira e canto, neste vau medonho,
Libertando-me ao negro sofrimento;
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Deus, cuja bondade os olhos ponho,
Não me afastes da musa o pensamento,
Não me despertes nunca deste sonho...
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Tito de Barros nasceu em Murici (AL) no dia 29 de setembro de 1878 e faleceu em 14 de junho de 1945. O soneto acima consta do livro “O poeta da Saudade – Tito de Barros – Vida e Obra”, escrito pelo poeta Diógenes Tenório Júnior (Edições Catavento, Maceió-AL, 2002).