A vida pede tempo
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Taís Braga (*)
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O fim do ano chegou e quase não houve tempo para realizar tudo o que planejamos. O que aconteceu com o tempo, que se tornou tão escasso ao longo dos anos? Lembro que, quando criança, o Natal demorava a chegar. Hoje, nos plantões da redação, o tempo se esvai. Na correria do dia a dia, não sentimos que ele está a passar. Às 16 horas já estamos pensando na edição do dia seguinte. Praticamente vivemos dois dias em um só. O segundo, por antecipação.
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Já ouvi alguém dizer que luxo, atualmente, é ter tempo para se fazer o que quer. Concordo, em parte. Luxo mesmo é ter tempo para não fazer nada. Nadinha. Tempo para ver, sentir, curtir o tempo passar. Acho mesmo que a falta de tempo é um dos grandes problemas da sociedade em que vivemos. Falta-nos tempo para viver. Já li, assisti e ouvi pessoalmente declarações de pessoas que decidiram mudar o ritmo da vida depois de sofrerem graves acidentes, risco de morte ou uma perda irreparável. E fico me indagando: se cada um de nós tiver que esperar um acontecimento semelhante para dar uma guinada na vida, quantas desgraças teremos que contabilizar?
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Já existe uma corrente de pensadores que defende o ócio como estilo de vida. Responda com sinceridade: você, em alguma ocasião, já se sentiu como um aluno que não fez a lição de casa ao tirar um dia de folga no meio da semana? Já se pilhou com a sensação de inutilidade por estar andando calmamente ou conversando amenidades? Por que nos cobramos o preenchimento total desse nosso tempo tão enxuto? Desde quando estabeleceram que falta de tempo é certificado de competência?
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Quantas coisas deixamos de fazer “por falta de tempo”? Aquela visita adiada, o abraço corrido, o beijo jogado na palma da mão, a oração que se perdeu na porta da igreja, o carinho não recebido, o assunto não finalizado? E o “eu te amo” que deixamos de dizer a um filho, mãe, pai, pessoa amada, ao amigo? Por falta de tempo. Falta de prioridade.
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Em 2010, vamos em busca do tempo. Vamos parar e ganhar tempo de vida. Todo o tempo que pudermos conquistar nesta vida. Ela nos foi dada. E, como bem disse o poeta. Só nos resta viver.
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Taís Braga é alagoana, jornalista e vive em Brasília (DF) onde trabalha no jornal “Correio Braziliense”. Esta crônica foi publicada originalmente na edição de 24.12.2009 daquele jornal. (Republicação autorizada)
Há 2 anos
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