sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Poema de Hécules Mendes

Hércules Mendes
.

.

Eis o Zé, o Zealberto,
Mente facetada e aberta
Produzindo arte
A arte da crônica
A arte do poema
A arte do Blog
E tantas outras artes
Inatas
A arte da amizade
A arte do companheirismo
A arte da lealdade
A arte da solidariedade
Eis o Zé
O Zealberto
Aberto/revelado/festejado
Não é um Zé qualquer
.

Com um forte abraço
Hércules( o fraco ).

.

HÉRCULES DE ALMEIDA MENDES é economista, artista plástico dos mais completos e, sobretudo, meu amigo. Muito obrigado e um abraço do mais fraco ainda.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Blog Premiado

.
5º PRÊMIO ESPIA
.
Este blog foi escolhido por votação popular o "Melhor blog do ano de 2009". No próximo dia 29, às 17 horas, o blogueiro titular, babando de felicidade, estará recebendo o certificado conferido pelos organizadores do 5º Prêmio Espia, em reunião na Praça Gogó da Ema, Ponta Verde, aqui em Maceió - Alagoas (em frente ao clube Alagoinha). No mérito, o prêmio pertence aos leitores de Alagoas, do Brasil e de quarenta e tantos países que acessam este espaço com regularidade. O Prêmio Espia nasceu da visão do genial Carlito Lima quando da editoração da sua Revista Eletrônica Espia, hoje transformada em
Blog do Carlito Lima.
Muito obrigado a todos pela escolha.
Espero em 2010 continuar com o apoio dessa legião de admiradores da boa poesia.
(Veja relação completa dos premiados no Blog de Carlito Lima - blogdocarlitolima.blogspot.com/)

Poema de Ledo Ivo

.
Minha Pátria
.
Ledo Ivo
.
Minha pátria não é a língua portuguesa.
Nenhuma língua é a pátria.
Minha pátria é a terra mole e peganhenta onde nasci
e o vento que sopra em Maceió.
São os caranguejos que correm na lama dos mangues
e o oceano cujas ondas continuam molhando os meus pés quando [sonho.
Minha pátria são os morcegos suspensos no forro das igrejas [carcomidas,
os loucos que dançam ao entardecer no hospício junto ao mar,
e o céu encurvado pelas constelações.
Minha pátria são os apitos dos navios e o farol no alto da colina.
Minha pátria é a mão do mendigo na manhã radiosa.
São os estaleiros apodrecidos
e os cemitérios marinhos onde os meus ancestrais tuberculosos
e impaludados não param de tossir e tremer nas noites frias
e o cheiro de açúcar nos armazéns portuários
e as tainhas que se debatem nas redes dos pescadores
e as résteas de cebola enrodilhadas na treva
e a chuva que cai sobre os currais de peixe.
A língua de que me utilizo não é e nunca foi a minha pátria.
Nenhuma língua enganosa é a pátria.
Ela serve apenas para que eu celebre a minha grande e pobre pátria
muda, minha pátria disentérica e desdentada, sem gramática e sem [dicionário,
minha pátria sem língua e sem palavras.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Uma crônica de TAÍS BRAGA

A vida pede tempo
.

Taís Braga (*)
.
O fim do ano chegou e quase não houve tempo para realizar tudo o que planejamos. O que aconteceu com o tempo, que se tornou tão escasso ao longo dos anos? Lembro que, quando criança, o Natal demorava a chegar. Hoje, nos plantões da redação, o tempo se esvai. Na correria do dia a dia, não sentimos que ele está a passar. Às 16 horas já estamos pensando na edição do dia seguinte. Praticamente vivemos dois dias em um só. O segundo, por antecipação.
.

Já ouvi alguém dizer que luxo, atualmente, é ter tempo para se fazer o que quer. Concordo, em parte. Luxo mesmo é ter tempo para não fazer nada. Nadinha. Tempo para ver, sentir, curtir o tempo passar. Acho mesmo que a falta de tempo é um dos grandes problemas da sociedade em que vivemos. Falta-nos tempo para viver. Já li, assisti e ouvi pessoalmente declarações de pessoas que decidiram mudar o ritmo da vida depois de sofrerem graves acidentes, risco de morte ou uma perda irreparável. E fico me indagando: se cada um de nós tiver que esperar um acontecimento semelhante para dar uma guinada na vida, quantas desgraças teremos que contabilizar?
.
Já existe uma corrente de pensadores que defende o ócio como estilo de vida. Responda com sinceridade: você, em alguma ocasião, já se sentiu como um aluno que não fez a lição de casa ao tirar um dia de folga no meio da semana? Já se pilhou com a sensação de inutilidade por estar andando calmamente ou conversando amenidades? Por que nos cobramos o preenchimento total desse nosso tempo tão enxuto? Desde quando estabeleceram que falta de tempo é certificado de competência?
.

Quantas coisas deixamos de fazer “por falta de tempo”? Aquela visita adiada, o abraço corrido, o beijo jogado na palma da mão, a oração que se perdeu na porta da igreja, o carinho não recebido, o assunto não finalizado? E o “eu te amo” que deixamos de dizer a um filho, mãe, pai, pessoa amada, ao amigo? Por falta de tempo. Falta de prioridade.
.
Em 2010, vamos em busca do tempo. Vamos parar e ganhar tempo de vida. Todo o tempo que pudermos conquistar nesta vida. Ela nos foi dada. E, como bem disse o poeta. Só nos resta viver.

.
Taís Braga é alagoana, jornalista e vive em Brasília (DF) onde trabalha no jornal “Correio Braziliense”. Esta crônica foi publicada originalmente na edição de 24.12.2009 daquele jornal. (Republicação autorizada)