quarta-feira, 29 de julho de 2015

Um soneto a Cristo cruxificado













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A Cristo na Cruz
.Baltasar Estaço (*)
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O bem que a tantos bens me convidava,
O qual desmereci, vós merecestes:
Que a vida que por meu amor perdestes
A vida me alcançou que eu desejava
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O mal que a tantos males me obrigava,
O qual não satisfiz, satisfizestes:
Que a morte que por meu amor sofrestes,
Da morte me livrou, que eu receava.
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A vós, Deus amoroso, a vós só amo,
De vós pratico, só, de vós escrevo,
Por vós, a vida dou e a morte quero,
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Em vós, fogo de amor, em vós me inflamo,
Pois que pago por vós o mal que devo
E mereço por vós o bem que espero.

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(*) Uma poesia para rezar. Ou uma oração em forma de poesia... Não importa: o que importa é o conteúdo de agradecimento a Deus pela redenção imerecida, escrito pelo sacerdote português Baltasar Estaço no começo do século XVII. Uma oração de 400 anos, mas atemporal. (Fonte site: "Aleteia em busca da verdade".)