sexta-feira, 17 de julho de 2009

Poema de Lêda Mello

Lêda Yara Motta Mello

VESTÍGIOS
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Lêda Mello
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Tomei as lembranças pela mão e segui
num passeio nostálgico pela terra do ido,
onde as brumas escondem na névoa
os encontros de uma vida.
Cenas diluídas de um filme
que o tempo tornou quase irreal.
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Curiosamente, sem saudades,
mas, ainda com algum encanto,
ali, num ponto esmaecido do tempo,
estávamos nós.
Tu e eu... E meus sonhos.
Tantos deles, tantos!
E tão bonitos!
Onde estarão?
Que foram feitos deles?
Em que constelação se abrigaram?
Vagariam, perdidos...?

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Suavemente, na quietude do momento,
percebo, no âmago das lembranças,
que a vida seguiu seu curso,
que o tempo se escoou na espera,
e que o que restou de tantos sonhos
mergulha, aos poucos, nostalgicamente,
na névoa do imaginário.
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terça-feira, 14 de julho de 2009

Poema de Marília Rodrigues Alencar

Marília Rodrigues Alencar
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Não...
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Não me peça palavras
Já não sei me expressar
Não me peça provas
Que não posso dar
Não me peça carinho
Que tudo já lhe ofertei
Não me dê espinhos
Com todo amor que te dei
Não me peça explicação
Do que não sei explicar
Não me peça perdão
Não há nada a perdoar
Não me peça um abraço
Pois mais que isso te dou
Não me peça um amasso
Quero mais que uma noite de amor!
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Publicado no blog "Paixão Acesa" (http://paixaoacesamarilia.blogspot.com/)

sábado, 11 de julho de 2009

Medeiros na Academia

Médico e escritor José Medeiros na AAL
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O médico e escritor José Medeiros foi empossado na cadeira nº 40, da Academia Alagoana de Letras dia 24 de julho, no casarão da Praça Deodoro, sendo saudado pelo confrade Ricardo Nogueira, em cerimônia conduzida pela primeira secretária, acadêmica Enaura Quixabeira.
A cadeira nº 40, que era ocupada pelo médico Gilberto de Macedo, tem como patrono Zadir Índio de Santa Cruz (1880-1918), poeta, cronista, jornalista e romancista, nascido na cidade do Pilar (AL).
O novo acadêmico é cronista do jornal Gazeta de Alagoas, tem livros publicados e já exerceu importantes cargos na vida pública alagoana, ocupando as pastas estaduais da Educação e da Saúde. Foi deputado estadual. É fundador e presidente da Sobrames - Sociedade Brasileira de Médicos Escritores/Alagoas e membro da Academia Maceioense de Letras.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Soneto sem nexo


A uma Santa (*)

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Tu és o quelso do pental ganírio

saltando as rimpas do fermim calério

carpindo as taipas do furor salírio

nos rúbios calos do pijom sidério.

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És o bartólio do bocal empírio

que ruge e passa no festim sitério,

em ticoteios do pártamo estírio,

rompendo gambas do hortomogenério.

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Teus lindos olhos que têm barcalantes,

são começúrias que carquejam lantes,

nas cavas chusmas de nival oblôneo.

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São carmentórios de um carcê metálio,

nas duas pélias por que pulsa Obálio,

vem vertimbráceas do pental perôneo.

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(*) “Deste soneto, de impressionante harmonia, construído intencionalmente na base de fonemas sem nexo, sabe-se apenas que o autor se chama Luis Lisboa e é maranhense”. Citado por Lago Burnett no livro “A Língua Envergonhada”.