sexta-feira, 19 de março de 2010

Homenagem a São José em "Martelo Alagoano"

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Hoje o dia chegou muito chuvoso
dia bom pra plantar milho e feijão
com as bênçãos do santo do sertão
São José, carpinteiro habilidoso,
um bom Pai, um amigo cuidadoso
não despreza seu povo soberano
sofredor que trabalha todo ano
na lavoura, com força e muita fé,
quando chove agradece a São José
Nos dez pés do Martelo Alagoano.
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(Zealberto Costa - Maceió-AL/19/03/2010)
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Este é um tipo de repente nordestino, cantado pelos violeiros, que obedece às regras do martelo, só que o último verso acaba sempre com a expressão "martelo alagoano".

segunda-feira, 15 de março de 2010

Poetas alagoanas quase esquecidas (1)

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Tuas mãos
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Creusa Chaves (*)
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São duas conchas róseas de ternura,
Onde as minhas repousam docemente,
São dois poemas de esplêndida candura
Que guardo para mim avaramente!
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Dois lírios, dois presentes da Natura,
Dois ninhos de carícia irresistente,
Ao vê-las sinto no meu ser ventura,
E um mundo, ao afagá-las, diferente...
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Tuas mãos – duas trêfegas crianças
que brincam de beijar a mamãezinha,
E de puxar joviais as suas tranças...
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Tuas mãos – lago azul dos meus amores,
Que à tona, qual uma ávida andorinha
Vou beber água e vou cantar louvores.
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(*) Creusa Chaves, alagoana de Maceió, faleceu em Recife-PE. Era casada com o poeta Geraldino Brasil, também falecido.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Carlito em Portugal

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O escritor alagoano Carlito Lima lançou seus livros em Portugal com apoio da Casa da América Latina, nos dias 1º e 3 de março, com grande sucesso. Na foto, Carlito (c) apresenta "Confissões de um Capitão", na Livraria Ler Devagar, em Lisboa.
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IRMÃ DOROTHY
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Padre Célio Amaro (*)
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Voz feminina misturada às coisas da terra.
Esforço para falar a linguagem de cada gente.
Trilhas, milhas de histórias
Na trajetória o peso da religião, da igreja e da instituição.
Na bagagem, a profecia de vencer pra partilhar.
Partilhar rompendo cercas e divisas.
Multiplicando as mãos que tocam a terra.
Sonho trazido de outro continente,
Misturado aos sonhos das gentes de cá.
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De repente, ouve-se um som diferente.
Não é de enxada, foice ou facão.
Nem tão pouco de pássaros,
Ou de crianças brincando...
O som se repete uma, duas... várias vezes.

O fruto se rompe.
Na terra um corpo humano, feminino,estirado, perfurado.
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Em poucos instantes já está sendo velado.
Velado, vigiado pra preservar a memória.
Sepultado volta à terra:
causa das andanças, dos sonhos e da entrega.
Agora aconchego eterno.Voltou a ser semente...
Corpo sementeFruto rompido
Verdade afirmada.
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(*) Padre Célio Amaro é vigário paroquial em Luziânia /Go e aluno da Universidade de Brasília. (Enviado por Nivaldo Sales Cassiano)