quarta-feira, 12 de dezembro de 2012





Do Arquiteto ao Arquiteto

Emanuel Galvão

“E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo,
para que onde eu estiver estejais vós também.” João 14:3

 
Eu te chamei Niemeyer
Porque “não é a linha reta, dura, inflexível
Criada pelo homem”
Que te atrai
Mas as linhas sinuosas
“Dos rios, das nuvens no céu, da mulher”
As linhas preferidas do meu Pai
As linhas que desafiam o impossível.

Eu te chamei Niemeyer
Porque também acredito
Que a imaginação não é inimiga da razão
Por isso é bendito
O que faz com coração.

Vem Niemeyer
Que o céu veste-se de um sorriso
E te espera com prancheta, compasso, grafite
Para reorganizar o paraíso
E reinventar o que lá já existe.

Vem Niemeyer
Cheio de desconfiança
Meu menino de 104 anos...
Que eu também sou arquiteto.
Vem para mim, minha criança
Pois estavas sempre no concreto
Dos meus etenos planos.

Vem Niemeyer
Que eu quero dar a eternidade
Um ar de modernidade.


Copyright © 2012 by Emanuel Galvão
All rights reserved.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Homenagem aos Cordelistas alagoanos

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Homenagem aos Cordelistas alagoanos do passado e do presente 
pelo grande trabalho de conservação das nossas raízes poéticas.

domingo, 21 de outubro de 2012



                                                 


Cogito
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Torquato Neto (*)
 .
 .
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
.
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
se novos secretos dentes
nesta hora
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eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
.
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.

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Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina (PI) no dia 09/11/1944. Saiu de sua terra natal para estudar em Salvador (BA). Foi contemporâneo e compartilhou do nascimento do movimento musical que deu origem aos Novos Baianos. Conheceu Galuber Rocha e participou início do Cinema Novo. Ainda na Bahia, casou-se com Ana Maria dos Santos e Silva com quem teve seu único filho Thiago. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1962. Foi parceiro dos maiores compositores da época. Viajou pela Europa e Estados Unidos. Faleceu no Rio de Janeiro(RJ) em 10/11/1972. Sua vasta obra, garimpada pelos amigos e admiradores, consta de alguns livros como “Torquato Neto ou A Carne Seca é Servida”, de Kennard Kruel (em segunda edição, revista e ampliada), 1º lugar no Concurso Literário – “Prêmio Mário Faustino”, do Governo do Estado e Fundação Cultural do Piauí, ano de 2000.



terça-feira, 9 de outubro de 2012

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DIÂMETRO 
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Marla de Queiroz




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Volta logo, meu amor!
Eu só escrevo por não saber o que fazer com as mãos
quando o nosso abraço termina.
 .
 .
(Transcrito do blog Poesia Galvaneana)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Poema de Lêdo Ivo

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Precauções Inúteis
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Lêdo Ivo
 .
Quem tapa minha boca,
não perde por esperar.
O silêncio de agora
amanhã é a voz rouca
de tanto gritar.
 .
Quem tapa meus olhos
nada esconde de mim.
Sei seu nome e seu rosto,
o lugar em que estou…
sua noite sem fim.
 .
Quem tapa meus ouvidos,
me faz escutar mais.
Igualei-me as muralhas
e o silêncio maisfundo
guarda o rumor do mundo.
 .
Quem quer me ver sem memória,
erra redondamente.
Lembro-me de tudo
e cego, surdo e mudo
até o esquecimento.
 .
E quem me quer defunto
confunde verão e inverno.
Morto, sou insepulto.
Homem sou sempre vivo.
Povo sou eterno.
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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Homenagem a Aurélio F. Buarque de Holanda


                    Atenção: Clique no texto acima para facilitar a leitura.

domingo, 30 de setembro de 2012

Poetas alagoanos quase esquecidos (12)


Emílio de Maya
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Pétalas Esparsas
 .
Emílio de Maya
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Se amas alguém que é teu enlevo e encanto,
Vida e alegria do teu coração,
Zela por esse teu afeto quanto
Pela tua puríssima emoção.
 .
Não consintas jamais que ele se iguale
Às afeições comuns da humanidade.
Guarda bem na memória: o amor só vale
Quando é um produto da sinceridade.
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Sempre que é puro todo afeto é um bem
E o segredo do amor em si resume:
Pouco valor teria a flor também
Se não fosse a pureza do perfume.
 .
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Tarde de Inverno
 .
Emílio de Maya
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Tarde tristonha, enevoada e fria.
Não vejo o sol brilhante declinando,
Somente as águas que, da serrania,
Turvas, velozes descem murmurando.
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Que tarde triste! Assim ouvindo rente,
Passando a correnteza a soluçar,
Meu coração entristecido sente
Uma vontade imensa de chorar...
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A terra inteira se lastima agora,
Vendo-me só e vendo só tristeza
Eu soluço também. E quem não chora,
Vendo chorando toda a natureza?
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Se há de ser triste o meu entardecer,
Como esta tarde de prazer despida;
Oh Deus do céu! Não quero mais viver.
- Levai-me logo na manhã da vida.
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EMÍLIO ELISEU DE MAYA (1906-1939) jornalista, advogado e político, nasceu no Engenho Patrocínio, filho do casal Alfredo de Maya e Maria Regina Clarc Accioly de Maya. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 13 de março de 1939. Como deputado federal defendeu a independência econômica do Brasil, publicando em 1938 o livro “O Brasil e o Drama do Petróleo” (Editora José Olympio - Rio de Janeiro – RJ). É patrono da Cadeira nº 11, da Academia Maceioense de Letras, a qual tenho a honra de ocupar.
Por ocasião da passagem dos 60 anos do falecimento do poeta seus familiares promoveram a publicação do livro “Pétalas Esparsas”, reunindo grande parte de sua obra. Os poemas acima foram retirados do livro citado.Descrição: hospedagem de sites windows

sábado, 29 de setembro de 2012

Poemas de Rosiane Rodrigues

Rosiane Rodrigues
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Despertar
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banho de luz
faz sorrir
a noite
entediada
uma sombra
cobre o rosto
taciturno
da madrugada.
raio de sol
veste a manhã
de alegria
iluminada.
.
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Razões
.
quais as razões de amar
na exatidão da dor?
eis que o amante padece
a pena de se doar!
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versos a desabrochar
em flor o coração
a pulsar silente
a paixão dolente
.
desesperado ser
à procura de ter
do amor, amargo fel
sorvido, feito mel.
 .
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Fuga
.
vaga fumaça
se dispersa
e foge de ti
como nuvem
.
fere teu corpo
despe tua alma
se esvai no tempo
e te devora.

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(Poemas extraídos do mais recente livro de Rosiane Rodrigues, intitulado “ Vestido de Neblina”. Editora Catavento, Maceió – Alagoas, 2012)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Improviso de Dimas Batista Patriota

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(Improviso no estilo Galope à beira mar)
 .
Eu muito admiro o poeta da praça,
que passa dois anos fazendo um soneto,
depois de três meses acaba um quarteto,
com todo esse tempo inda fica sem graça.
Com tinta e papel o esboço ele traça,
contando nos dedos pra metrificar,
que noites de sono ele perde a estudar,
pra no fim mostrar tão minguado produto,
pois desses eu faço dois, três, num minuto,
cantando galope na beira do mar. 
 .
(Dimas Batistsa é um dos três irmãos nascidos em São José do Egito (PE) que encantaram o Brasil com seus repentes espetaculares. Os outros dois eram Lourival e Otacílio)