quinta-feira, 23 de junho de 2011

Poetas alagoanos quase esquecidos (9)

.
Sonetos de Cipriano Jucá (*)
.
Penedo

.
As águias fazem ninho no rochedo;
Amam a liberdade dos condores;
O abismo, em suma, não lhes causa medo,
Nem perturba também os seus amores.
.
Há, na vida das águias, um segredo;
Nos seus voos possantes há rumores
De glorias, de saber, como no aedo
Quando sabe cantar entre esplendores.
.
Num Penedo também, grande Sabino,
Foi que nasceste para ao teu destino
De ser águia, na vida transitória.
.
Mas, se as águias se abismam no infinito,
O teu canto genial foi tão bonito
Que te abismaste nos lauréus da glória.
.
(Este soneto foi dedicado ao poeta penedense Sabino Romariz --1873-1913)
.
Sanhaçú
.
Eu tinha, nesse tempo, meus dez anos
E era um menino bom para meus pais;
Apenas traquinava junto aos manos,
Batendo em latas velhas, nos quintais...
.
Quantas vezes livrei de seus tiranos
Os sanhaçús, canoros animais,
Que outros memeninos maus e desumanos
Só faziam matar... e nada mais!
.
Eu não! Eu tinha, nessa idade, o senso
Do menino educado e já propenso
Ao que eleva nossa alma para o bem.
.
Fiquei homem assim... Não sou culpado
De ser um sanhaçú abençoado
Que não teme os bodoques de ninguém!
.
(*) Cipriano da Silva Jucá (Maceió, 1886 - São Paulo, 1966) considerado pelo crítico Agripino Grieco “como um sonetistas dos mais perfeitos”, formou-se em Farmacologia pela Faculdade de Medicina da Bahia; em Alagoas foi professor do Seminário e prefeito da cidade de Maceió. Fundador da Academia Alagoana de Letras, escreveu para vários jornais alagoanos e de outros estados. Mudou-se para o Rio de Janeiro (1940) e depois para São Paulo (1950) onde é reconhecido como patrono de escolas, praças e ruas. Em Maceió, apenas uma rua no bairro do Poço, leva o seu nome. Obras publicadas: “Ode aos Jangadeiros Alagoanos” (1936), “Os Quarenta” (1938), “Asas de cera” (1951) e “Alma lírica do Brasil” (1960). É avô do poeta Cláudio Antonio Jucá Santos, fundador e atual presidente da Academia Maceioense de Letras.

terça-feira, 14 de junho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

.
Um namorado
.
Lêda Yara
.
Quando eu me enamorar,
Há de ser amor bonito:
Sonhando a dois, partilhar
Um bem-querer infinito.
.
Quero quem me faça afago
E a quem eu possa afagar
Nos olhos, o toque de mago;
E que eu o namore no olhar.
.
Que me inspire um doce amor,
Mas que saiba, com ardor,
Tomar meu corpo e amar.
.
Bem querer que não fenece
Daqueles que não se esquece
Mesmo que depois se vá.

.
(Arapiraca - Alagoas - Brasil)