terça-feira, 21 de outubro de 2008

Poema de Marília Rodrigues Alencar

Marília Rodrigues Alencar
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Lua cheia
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Noite de lua cheia
A rua clareia
O sexo aflora
Mulher vira sereia
Homem, lobisomem
Loucos, mais loucos
Corações sensíveis
Lágrimas escorregam
Choro corre solto
Timidez tem fim
Sorrisos viram gargalhadas
Os mudos tornam-se calados
Os calados, tagarelas
Os tagarelas, ninguém agüenta
O mundo vira pelo avesso
E só volta ao seu lugar
Quando a lua cheia passar...
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Marília Rodrigues Alencar é médica com especialização em Psiquiatria e prepara seu primeiro livro de poemas - Paixão Acesa - que deverá ser lançado até o final do ano.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Poema de Valderez de Barros

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Pra não chorar
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Não quero falar do luar,
Pra não lembrar
De que já me embriaguei
Beijada pela sua magia
E depois, dolorosamente acordei
De tantos sonhos e ilusões...
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Não quero falar do mar,
Pra não lembrar de que nele
Já naveguei e me perdi,
Buscando a felicidade
Na sua beleza e imensidão...
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Não quero falar de amor,
Pra não chorar...
Pra não machucar
Meu coração...

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Valderez de Barros escreve poesias, canta e é fundadora do grupo Movimento da Palavra, possui o blog "Gritos de Minha Alma" onde publica regularmente os seus poemas. Seus trabalhos também podem ser lidos no site "Recanto das Letras".

domingo, 19 de outubro de 2008

Maria Nascimento Santos Carvalho (*)

APELO
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Guardei para você toda a ternura
que um ser humano pode oferecer,
mas, se há para este amor qualquer censura,
foi ele que deu vida ao meu viver...
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E Deus, que espalha messes de ventura,
errou, ao me ensinar a lhe querer,
sem conter este amor quase loucura;
sem me ensinar também como esquecer.
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Perdão, releve tudo o que lhe digo,
sem pensar que ofereço algum perigo
são confessar que morro de saudade...
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Mas, se este afeto, o fere, por favor,
se, por engano, eu lhe falar de amor,
troque a palavra Amor por Amizade...
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(*)Maria Nascimento Santos Carvalho nasceu em Coruripe (AL) e muito cedo mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vive até hoje. Ainda na adolescência começou a fazer versos e hoje é a presidente nacional da União Brasileira de Trovadores. Escreve trovas, sonetos, poemas e contos. Tem vários livros publicados.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Poema de Luiz Nogueira (*)

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O poder

Eis o poder:
É ali. Não é tão distante!

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Mas digo-te que:
- por sua estrada
já passaram muitos homens
com os seus sonhos,
deixando poeira
sobre as folhas e sobre as flores.
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Aconteceu porém a muitos,
despreparados para essa viagem
que a fome, a sede e a desesperança,
aguardavam por eles no percurso.
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E sabe-se que,
entre os poucos que ali chegaram,
alguns, despojados dos sonhos e mudados,
esqueceram-se da linguagem que falavam.
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E será, talvez, por isso,
que gritam, urram e soltam bombas.
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O poder é ali. Não é tão distante!...
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(*) Luiz Nogueira Barros, alagoano de Pão de Açúcar, é médico, poeta, escritor, membro efetivo da Academia Alagoana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas,com vários livros publicados.

A Palavra

"Não tenhas medo das palavras grandes,
pois se referem a pequenas coisas.
para o que é grande os nomes são pequenos:
assim a vida e a morte, a paz e a guerra,
a noite, o dia, a fé, o amor e o lar.
Aprende a usar, com grandeza, as palavras pequenas.
Verás como é difícil fazê-lo,
mas conseguirás dizer o que queres dizer.
Entretanto, quando não souberes o que queres dizer,
usa palavras grandes, que geralmente servem
para enganar os pequenos".
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De Arhur Kudner, para seu filho.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Poesia de Cavalcanti Barros

Poeta Cavalcanti Barros

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Soneto "Flor de Laranjeira"

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Num álbum de sonetos vi pedaços,
pedaços bem diversos de outras vidas.
Vi almas suspirando doloridas,
e de amarguras vi profundos traços.

Em cada página encontrei, esparsos,
doridos corações, almas doridas,
amor, paixão, saudades incontidas,
anseios, beijos, dor, sonhos e abraços.

E nessa singular promiscuidade,
senti, silente, a dor duma saudade.
Outras dores iguais também senti,

Como se fosse um espelho desta vida,
eu vi minh'alma, inteira, refletida
naqueles versos que em suspiros li.

José Cavalcanti Barros é procurador aposentado, jornalista, poeta, membro efetivo da Academia Maceioense de Letras e da Academia Maçônica de Letras. O soneto acima faz parte do livro "Tempo de Agora" (1988), edição esgotada.


domingo, 12 de outubro de 2008

Poemas de Ana de França

Ana de França
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Devaneios
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Nos devaneios do coração
a alma cativa
sofre a ilusão,
acuada
sem saída
força passagem
abre ferida,
nos devaneios do coração.
<>.

Asas da Morte

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de asas abertas
a noite rondava
buscava abrigo
alguém a esperava
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no silêncio da noite
na brancura da lua
a rua deserta
a espera acentua
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a porta da vida
pra sempre fechava
uma janela abria
uma estrela virava
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fechando as asas
levando aos céus
brilhando pra sempre
arestas de véu.

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Ana (Maria) de França, nasceu em Santana do Ipanema (AL), é advogada e vem produzindo poesias há algum tempo. Figurou da antologia "A poesia das Alagoas" (Editora Bagaço, Recife-PE, 2007) e está com um livro a caminho da gráfica, que será lançado no início de 2009.

Soneto de José Reinaldo Melo Paes

Poeta José Reinaldo
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(Dedicado ao poeta Pedro Onofre)
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Velho teatro da minha antiga cidade,
Relicário de tão saudosas emoções,
Estarás sempre nas gratas recordações
Dos longínquos dias da minha mocidade.
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Teatro de ilusões foi também minha vida.
As estrelas foram as luzes da ribalta,
Que iluminaram meus céus em noite alta
Ao som de uma canção bela e comovida.
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A tua lembrança que é sempre saudade,
A diferença entre o palco e a realidade
Lembram em tudo o sonho que nos contradiz:
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Tuas histórias sempre terminaram bem,
Sonhos em minha vida eu tive também,
Mas nem sempre tiveram um final feliz.
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*José Reinaldo de Melo Paes é médico, poeta, declamador e escritor. É autor do livro "Poemas e Reflexões"


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Poema de Judas Isgorogota (*)

Saudade
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Mudos, olhando o embalo das maretas
os dois homens pararam; junto ao cais,
balouçantes, enormes silhuetas
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de velhos barcos setentrionais
faziam retinir, como grilhetas,
os elos das correntes colossais...
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Foi olhando essas naus, à Ave Maria,
na hora em que tudo em solidão se vê,
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que aqueles homens rústicos, um dia,
choraram muito sem saber porquê...
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(*) Judas Isgorogota (Agnelo Rodrigues de Melo) nasceu em Lagoa da Canoa, Alagoas, (1921) viveu em Maceió, mudou-se aos 23 anos para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo onde ganhou projeção internacional e veio a falecer em 1979. Publicou 15 livros de poesias, uma novela e cinco de poesias infantis. Parte de sua obra poética traduzida para vários idiomas (francês, inglês, alemão, espanhol, italiano, húngaro, árabe, checo e lituano). Com toda essa bagagem é quase um desconhecido em sua terra.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Bela Escultura de Areia




Conselho sensato


“Somos péssimos vasilhames de bebida: até os uísques importados viram urina em nosso organismo. Quando o ser humano resolve bancar o porta-álcool, estraga seu convívio social e a sua própria vida. Enfim, de gole em gole tornamos a vida um porre”
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Antonio Brás Constante, no site da Superintessante, sobre os 10 mil anos de pileque.

Poema de Cora Coralina

Cora Coralina

Saber Viver
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Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
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Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
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E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
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(Colaboração da jornalista Edna Cunha)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Oração das Mulheres

Querido Deus,
até agora o meu dia foi bom: não fiz fofoca, não perdi a paciência, não fui gananciosa, sarcástica, rabugenta,chata e nem irônica.
Controlei minha TPM, não reclamei,não praguejei, não gritei, nem tive ataques de ciúmes. Não comi chocolate.
Também não fiz débitos
em meu cartão de crédito
(nem do meu marido) e nem dei cheques pré-datados.
Mas peço a sua proteção, Senhor,
pois estou para levantar da cama a qualquer momento....
Amém!

sábado, 4 de outubro de 2008

Soneto de Francisco Valois

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Soneto à bailarina morta
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Esfera em equilíbrio, ela dançou
vestida de crepúsculo, marcada

pelo estigma da valsa fenerária
e, dominando o espaço, estremeceu
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as colunas marmóreas do edifício.
Circunscritos ao círculo de fogo,
os passos invadiram o hectare
do sono, projetando a silhueta
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- miniatura de pássaro, pelo ar.
E valsou... E valsou por sobre rosas...
Inebriada de sons, ela estancou,

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vacilou e caiu petrificada.
- Sua carne ficou por sobre a lápide
a sua alma se foi bailando no ar.

Poemas de Jorge Cooper

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Poema trigésimo-quarto
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A solidão em que a morte
deixa o morto
É maior que a solidão da lua
Minha solidão soma
a solidão do morto
e a solidão da lua
- Sou mais só
que um louco.
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Poema Décimo
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A idade me diz
ser tempo de
passar a vida a limpo
- (Não custa passar a vida a limpo
Não lhe tenho é o rascunho.
<>
Poema
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Só morto
o homem enterra o seu passado
cavalga o dorso do tempo
não olha mais para os lados
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- (Fez o seu encontro de contas
vai de si mesmo saldado)
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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Poema de Eudes Jarbas

Último poema
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Eudes Jarbas (*)
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Querida...
Quando eu morrer
Me tome nos braços como filho,
Me deite na cama, vista meu corpo e,
Penteie os meus cabelos,
Entrelace minhas mãos sobre o meu peito
(Como se eu estivesse fazendo uma Prece).
Não me molhe com suas lágrimas
E não amasse a minha roupa...
Com seus abraços.
Beije, apenas, minha testa,
Sem deixar os vestígios dos seus lábios.
Lembre-se que vou partir
Para uma longa viagem...
Vou me encontrar com Deus
E não quero que ele me veja em
Desalinho.
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(*) Eudes Jarbas de Melo, (21.02.25 – 26.09.99) advogado, jornalista, poeta, cronista, contista, deixou publicado: Teias de Ilusão e Ninho de Rosas (poesia), O Lobisomem (contos) e Etiqueta - Regras de Comportamento Deixou inéditos: "Além da Imaginação" e "Estórias que eu ouvi contar", ambos de contos.