sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Um soneto de Carlos Pena Filho

Carlos Pena Filho, jornalista e poeta
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Testamento do homem sensato
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Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: "Ele era assim..."
Mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.
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Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.
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Porém, se um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em voo se arremeda,
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deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.
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 (Carlos Souto Pena Filho nasceu em Recife (PE) em 17 de maio de 1929, onde faleceu, vítima de atropelamento, no dia 11 de julho de 1960).