segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um poema muito antigo

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Poema
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José Alberto Costa
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Um elefante branquinho,

feito das armas de outro,
vive indefeso, quieto,
sobre a mesa do meu quarto
onde costumo escrever.
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Em sua sólida mudez
conhece todo meu drama:
- chora comigo nas noites
de vigílias forçadas
quando rostos ressuscitam
pelas campas da memória
trazendo horror ao vazio
que há no quarto e em mim...
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(Maceió, 02/09/1960)

Joia da Poesia de Cordel

Afonso Pequeno é poeta de São José do Egito -PE. Esta pérola da poesia popular foi garimpada por Lou Correia em suas andanças por aquele berço de iluminados improvisadores, terra de seus ancestrais.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Casa do Patrimônio de Maceió

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Antigo armazém do bairro do Jaraguá, construído no início do século passado para estocagem de açúcar, está sendo recuperado com verba do Ministério da Cultura e vai se transformar na “Casa do Patrimônio de Maceió e na sede da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Alagoas.
O novo equipamento oferecerá opções de lazer e cultura à população, tais como: museu, biblioteca especializada, palestras, seminários e outras atividades. Grande Iniciativa.
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(Fonte: "Portal Tudo na Hora")

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Poema de Luiz Gonzaga Leão

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Preparação da manhã.
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Gonzaga Leão
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É duro dizer, criança
filho do triste operário
do sofrido camponês
que em vez dos belos brinquedos
que te fariam feliz,
dar-te-ei canhões fuzis
e a noite feita de medo;
contar-te-ei em segredo
(não histórias pra dormir)
que neste imenso país
somente o rico é feliz
só o rico tem porvir;
e contar-te-ei também
que o pão que falta em teu prato
sobra no prato de alguém;
que tua roupa nenhuma
não mais serve a quem a tem.
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Mas direi no entanto a ti
(rudemente enquanto falo)
que nessa estrada de agora
não muito distante a aurora
já avia seus cavalos
com seu jaezes de fogo
e ardentes ferros nos cascos
com sua fonte de sol
a celebrar-se nos olhos,
que deixarão claridades
de manhãs onde passarem:
- e não haverá mais sede
boca não dessendentada
rios que não tenham ponte
de paz e fraternidade.
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E no chão de todo o mundo
transformado em bem comum
rebentarão as sementes
e o pão será permanente
na mesa de qualquer um.
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Maceió/Alagoas - Fevereiro de 1963.

sábado, 10 de abril de 2010

Um soneto de Christiano Nunes Fernandes

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O aquário no peixe

Christiano Fernandes
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Eu vivo submerso em meus sentidos
como se fosse um peixe sem aquário.
E por detrás dos vidros dos meus olhos
não vejo nada mais além do que
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as poucas águas que me foram dadas
nesse pequeno mundo que imagino
ser tudo, com essas algas pobres e um
veleiro naufragado de propósito
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para iludir-me e me deixar contente
por vezes, entretanto, no silêncio
das águas que me envolvem, lá no fundo
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me ponho a imaginar que deve haver
um mar deslimitado de horizontes
além dos meus sentidos, felizmente.