sábado, 24 de dezembro de 2011

Um soneto de Natal

Natal de um pária

Pedro Onofre

- Mamãe, papai Noel é mesmo um bom velhinho?
Se ele em verdade existe, assim como é falado,
por que não se lembrou de mim, esse enjeitado
que pra calçar não tem sequer um sapatinho?

E aquela pobre mãe, cabelo em desalinho,
o olhar busca esconder, tristonho e marejado
do pranto que verteu. Encara com cuidado
o filho, preocupada em demonstrar carinho.

Tenta expulsar do rosto essa expressão sombria
e num sussurro diz ao filho de repente:
- Se acaso ele existisse, o que lhe pediria?

E a criança ao responder-lhe, incrédula sorri.
- Queria que me desse, mãe, como presente.
na Noite de Natal, o pai que nunca vi.

Este soneto consta do livro “Poesias completas de Pedro Onofre”, lançado dia 22 de dezembro.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Dois poemas de Adélia Prado

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A carne simples
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Na cama larga e fresca
um apetite de desespero no meu corpo.
Uivo entre duas mós.
Uivo o quê?
A mão de Des que me mói e me larga na treva
Na boca de barro, o barro.
Quando era jovem
Pedia cruz e ladrões para guarnecer meus flancos.
Deus era fora de mim.
Hoje peço ao homem deitado do meu lado:
me deixa encostar em você
pra ver se eu durmo.
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Roça
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No mesmo prato
o menino, o cachorro e o gato.
Come a infância do mundo.
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Adélia Prado nasceu em Divinópolis, Minas Gerais. Dentre sua vasta obra poética destacamos: Bagagem, O coração disparado, Terra de Santa Cruz, O pelicano, A faca no peito, Poesia reunida, Oráculos de Maio. Os poemas acima estão em "O coração disparado" (Editora Record)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um relógio criativo

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Joaldo Cavalcante lança novo livro

A gente se vê na comunicação de governo?

Documentos inéditos, investigação jornalística, depoimentos de profissionais de imprensa que lidam com a informação oficial e embasamento teórico. Estes são os ingredientes que compõem o livro “A gente se vê na comunicação de governo?”, do jornalista e ex-secretário de Comunicação do Estado, Joaldo Cavalcante, lançado recentemente. “Apesar de vivermos num sistema federativo, o poder central se exime da responsabilidade de construir parcerias e políticas de comunicação duradouras com as estruturas de comunicação dos entes federados”, afirmou o autor.

sábado, 12 de novembro de 2011

Poema de Lêda Mello

MIRANTE
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Lêda Mello

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Assento-me no topo

do mirante do tempo.
Meus sonhos foram barco
singrando o teu mar
de marés oscilantes.
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Sorvo o ar impregnado
do mistério que existe
no vaivém das ondas,
entre o luar e a aurora
dos teus caprichos.
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A esteira de espuma

é o que resta do teu barco
rasgando as águas,
o oceano insondável
dos teus desejos.
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Deixo que a brisa suave
que movia as minhas ilusões
reconduza-me, mansamente,
para as águas tranquilas
do meu porto e remanso.
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(Arapiraca (AL) - Brasil)

Poema de Cavalcanti Barros

Salto quântico
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Cavalcanti Barros
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Meu ser criança,
Faz
O meu Agora.
Num salto quântico
De vida.
Uma santa magia acontecida,
Energia de Deus
Que em tudo aflora
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José Cavalcanti Barros, jornalista, escritor e poeta. Membro do grupo "Movimento da Palavra" (movimentodapalavra.blogspot.com)

domingo, 23 de outubro de 2011

Os dois disseram a mesma coisa?

Paul Valery (1871 - 1945)


"Entre duas palavras, escolha sempre a a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta". (citado no Manual de Estilo da Editora Abril - 13a. Edição)




Winston Churchill (1874 - 1965)


Das palavras, as mais simples; das mais simples, a menor”. (Citado pelo Diário de Cuiabá - Ed. 23.10.2011)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mozart Damasceno, o bom burguês

Livro do historiador Geraldo de Majella, lançado dia 19/10.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

Prêmio Nobel de literatura 2011

Tomas Tranströmer, em sua casa
Poesia mesmo sem falar

Há 21 anos o poeta sueco Tomas Tranströmer sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou com metade do corpo paralisado e quase sem conseguir falar. Apesar disso, o escritor e também psicólogo, hoje com 80 anos, nunca parou de escrever, sempre longe dos holofotes mediáticos e isolado numa pequena ilha da Suécia. A Academia não se esqueceu da força realista dos seus versos e atribuiu-lhe, em Estocolmo, o Nobel da Literatura.

(Fonte: www.cmjornal.xl.pt/)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Publicação de "Angústia" completa 75 anos

Este ano comemora-se os 75 anos da publicação do terceiro romance do escritor alagoano Graciliano Ramos. Em várias cidades do país o evento está sendo comemorado. Será que em Alagoas algum evento lembrará este marco da literatura brasileira?
O escritor Antonio Cândido, 93 anos, lembra o que representou a publicação de "Angústia" na primeira metade do Séculoo XX. Clique no link abaixo e leia a matéria na íntegra:

http://migre.me/5KUe8

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cultura alagoana perdeu Marcial Lima


Marcial durante o desfile do "Pinto da Madrugada"
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Esta é a imagem que vou guardar do meu amigo Marcial Lima, à frente do bloco carvalesco "Pinto da Madrugada" que ele ajudou a fundar, com sua alegria e um sorriso escancarado de quem estava de bem com a vida. Ex-funcionário do Banco do Brasil e ex-presidente da Fundação Cultural de Maceió, articulista e cronista, colaborador de vários jornais da capital, um intelectual que fará muita falta à Alagoas.
Nossos últimos encontros ocorreram nas proximidades de minha residência, quando ele saía das sessões de foniatria, onde buscava reaprender a falar. Logo ele, um homem que ao longo da vida sempre dominou plateias pela força das palavras pronunciadas com clareza, como ator teatral ou como conferencista, estava reaprendendo a falar. Uma triste ironia. O último desfile do seu bloco do coração, assistiu, ao lado de familiares e amigos, da sacada de um apartamento na praia de Pajuçara.
Marcial encantou-se na manhã do último sábado, dia 17/09, deixando muita saudade.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um poema de Emanuel Galvão

Conceitos

Emanuel Galvão

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A palavra pesada
Diz ferro
Gritante diz
Berro
Carente diz
Quero
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Tão compreensiva quando diz
Releve
Tão suave se diz
Leve
Esclarecedora quando digo
Revele

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A palavra vem sempre
Carregada de conceitos
Eu carregado de defeitos
E nos trazemos palavras
Como heranças
E as usamos
Da maneira que nos agrada
Palavra eleva
E quando queremos
Desagrada
Faz-se uso da palavra
De maneira errada
Ou correta
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A palavra só nos usa
E até abusa
Quando pensamos em fazer versos
Soberana desse universo
Ela é que faz uso do poeta

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Emanuel Lopes Ferreira Galvão, alagoano de União dos Palmares, formado em Educação Artística e pós-graduado em Artes Plásticas, é professor, pintor, escultor e poeta, desde que sua mãe vaticinou: - Vai, meu filho! E que o espírito de Jorge de Lima lhe ilumine.
O poema acima consta do livro "Flor Atrevida" (Editora Quadrioffice" - Maceió/2007).

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Nunes, poeta

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Paulo Jacinto
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Manoel Nunes Lima
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Paulo Jacinto! Fazendas, estradas,
Ruas compridas e tortuosas
Noites calmas, enluaradas,
Morenas acanhadas e dengosas.
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Paulo Jacinto! Carros-de-bois passando
gemendo, gemendo constantemente.
Rio correndo, gado pastando,
Mulheres lavando roupa ao sol quente.
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Paulo Jacinto! Boêmios apaixonados
fazendo seresta a noite inteira...
Paulo Jacinto! Casais de namorados
passeando na festa da padroeira!
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Paulo Jacinto! Cigarras cantando
em tardes quentes de verão...
Gente forte e alegre trabalhando
Na colheita do algodão.
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Paulo Jacinto! O meu lar paterno
Uma casa azul com portão ao lado...
O rio enchendo em tarde de inverno,
A voz de meu padrinho tangendo o gado.
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Poema escrito pelo jornalista, cronista e chargista Manoel Nunes Lima, em 1951, homenageando a terra que o adotou

quarta-feira, 6 de julho de 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Nunes, uma saudade

O jornalista Nunes Lima (E), morre aos 80 anos

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Registro com pezar o falecimento do jornalista, cronista e chargista Manoel Nunes Lima, nascido no bairro de Bebedouro há 80 anos. Conheci Nunes em Paulo Jacinto no ano de 1951 quando mudou-se para lá na companhia do pai, Roberto Oliveira Lima, e de duas irmãs (Maria do Carmo e Vitória). Na época, ele e as irmãs exerciam a ourivesaria, arte ensinada por seu pai, uma tradição familiar.
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Alguns anos depois, voltou a fixar residência em Bebedouro, quando os nossos contatos aconteceram com mais frequência. Tornou-se jornalista, sempre na Gazeta de Alagoas, casou-se, deixando a vida de ourives. Criou em Alagoas um tipo de charge que marcou época e inspirou a formação de outros profissionais ainda hoje no mercado. Sua coluna "A vida sem retoque" era colecionada por leitores fieis, Publicou dois livros de crônicas e um outro - "Livro de Graça" - em companhia dos artistas Hércules Mendes e Manoel Viana.

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Minha solidariedade à sua esposa Morenita e ao filho Márcio pela perda irreparável.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Poetas alagoanos quase esquecidos (9)

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Sonetos de Cipriano Jucá (*)
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Penedo

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As águias fazem ninho no rochedo;
Amam a liberdade dos condores;
O abismo, em suma, não lhes causa medo,
Nem perturba também os seus amores.
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Há, na vida das águias, um segredo;
Nos seus voos possantes há rumores
De glorias, de saber, como no aedo
Quando sabe cantar entre esplendores.
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Num Penedo também, grande Sabino,
Foi que nasceste para ao teu destino
De ser águia, na vida transitória.
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Mas, se as águias se abismam no infinito,
O teu canto genial foi tão bonito
Que te abismaste nos lauréus da glória.
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(Este soneto foi dedicado ao poeta penedense Sabino Romariz --1873-1913)
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Sanhaçú
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Eu tinha, nesse tempo, meus dez anos
E era um menino bom para meus pais;
Apenas traquinava junto aos manos,
Batendo em latas velhas, nos quintais...
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Quantas vezes livrei de seus tiranos
Os sanhaçús, canoros animais,
Que outros memeninos maus e desumanos
Só faziam matar... e nada mais!
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Eu não! Eu tinha, nessa idade, o senso
Do menino educado e já propenso
Ao que eleva nossa alma para o bem.
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Fiquei homem assim... Não sou culpado
De ser um sanhaçú abençoado
Que não teme os bodoques de ninguém!
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(*) Cipriano da Silva Jucá (Maceió, 1886 - São Paulo, 1966) considerado pelo crítico Agripino Grieco “como um sonetistas dos mais perfeitos”, formou-se em Farmacologia pela Faculdade de Medicina da Bahia; em Alagoas foi professor do Seminário e prefeito da cidade de Maceió. Fundador da Academia Alagoana de Letras, escreveu para vários jornais alagoanos e de outros estados. Mudou-se para o Rio de Janeiro (1940) e depois para São Paulo (1950) onde é reconhecido como patrono de escolas, praças e ruas. Em Maceió, apenas uma rua no bairro do Poço, leva o seu nome. Obras publicadas: “Ode aos Jangadeiros Alagoanos” (1936), “Os Quarenta” (1938), “Asas de cera” (1951) e “Alma lírica do Brasil” (1960). É avô do poeta Cláudio Antonio Jucá Santos, fundador e atual presidente da Academia Maceioense de Letras.

terça-feira, 14 de junho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

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Um namorado
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Lêda Yara
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Quando eu me enamorar,
Há de ser amor bonito:
Sonhando a dois, partilhar
Um bem-querer infinito.
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Quero quem me faça afago
E a quem eu possa afagar
Nos olhos, o toque de mago;
E que eu o namore no olhar.
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Que me inspire um doce amor,
Mas que saiba, com ardor,
Tomar meu corpo e amar.
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Bem querer que não fenece
Daqueles que não se esquece
Mesmo que depois se vá.

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(Arapiraca - Alagoas - Brasil)

domingo, 29 de maio de 2011

Poetas alagoanos quase esquecidos (8)

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Você
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Jayme de Altavila
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Você resume tudo o que sonhei na vida:
Glória, beleza, amor, domínio, perfeição.
Tudo o que persegui numa doida corrida,
Tudo que me fugiu ao alcance da mão.
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Quando vejo você, fico de alma florida,
Porque você é luz, é perfume, é ilusão.
Você é, para mim, a ideia mais querida
A quimera mais linda, a mais doce emoção.
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Você tem uma voz de canário cativo.
Você tem um sorriso encantador e um quê
De vaidade, no olhar eloquente e expressivo.
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E você, apesar de tudo isso, não vê,
Inda não compreende, ante o enlevo em que vivo,
Que o mundo, para mim, se resume em você.
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Canto Nativo
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Jayme de Altavila
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Quando eu morrer, você rasgue um pedaço deste céu
E faça dele a minha mortalha.
Quando eu morrer, você cave um torrão de terra virgem
E faça dele o meu travesseiro.
Quando eu morrer, você arranque o Cruzeiro do Sul
E faça das estrelas meus círios.

Quando eu morrer,você asperja a água verde das Lagoas
Sobre os meus restos humanos
Quando eu morrer, você corte um ramo de pitangueiras
E cruze, sobre ele, as minhas mãos.
Quando eu morrer, você plante sobre a minha sepultura
uma palmeira Ouricuri.
Quando eu morrer, você reze nos meus ouvidos
A Sinfonia do Guarani.
Quando eu morrer, você encomende a minha alma nativa
A Rudá e a Tupã.
Quando eu morrer, você diga aos que perguntarem por mim
Que eu morri como nasci:
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Brasileiro.
Brasileiro.
Brasileiro.
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Jaime de Altavila, pseudônimo de Anphilóphio de Oliveira Melo (Maceió -AL 1895-1970), formado em Direito, novelista, cronista, poeta, ensaísta, historiador. Fundador da Academia Alagoana de Letras. Foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas por 14 anos e da AAL. Obras publicadas: Crepúsculo d’ouro e sangue (1915), Da vida e do sonho (1916), Diário de todos os amantes (1928), Canto nativo (1949), Últimas poesias (1968), Gênese e desenvolvimento da literatura alagoana (1922), História da civilização das Alagoas (1935) e Origem dos Direitos dos povos (1961), entre outras.

domingo, 15 de maio de 2011

Poetas alagoanos quase esquecidos (7)

VOCÊ
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Armando Wucherer
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Você é para mim o Céu distante
Que eu procuro, da terra, divisar...
Você é a minha noiva, a minha amante:
- Loira Princeza para o meu solar.
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Você – é o meu cuidado, a cada instante;
A sombra, que me segue ao caminhar;
O palinuro, que me diz: “avante”;
você é luz votiva em meu altar.
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Você – é o meu futuro; o meu passado,
Minha crença pagã pelo universo...
Você – é a minha culpa; o meu Pecado...
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Você – é o proprio amor que lhe prometo:
Você – é a rima rara de meu verso,
A “ chave de oiro “ deste meu soneto.
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Armando Goulart Wucherer (Maceió - AL 03/8/1896 - 11/6/1956 ) foi poeta, advogado e professor. Membro da Academia Alagoana de Letras, onde ocupou a cadeira 14. Escreveu livros sobre Direito, desempenhou várias funções públicas em Alagoas. Sua poesia, porém, merece destaque. O soneto acima foi transcrito do livro “Canto do meu destino” (1946). Deixou algumas obras indéditas.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Poema de Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva

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Resignação
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No mais pobre retraço de papel,
Como a uma mão suja se dá água
Escreverei o amor que tenho à vida.
Não direi nada de cruel;
Foi justa a mágoa
Dela havida.
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Direi apenas que essa carta

sem bico de ave ou selo posto
É como um anjo que se aparta
No seu angélico desgosto.
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Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (Ilha Terceira Açores, 19 de dezembro de 1901 - Lisboa, 20 de fevereiro de 1978) - Foi poeta e intelectual português, de origem açoriana. (Transcrito do Blog do Noblat)

sábado, 30 de abril de 2011

Sonetos de Jucá Santos

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Filho ingrato
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Cheguei bem de mansinho e sorrateiro
Àquela casa onde deixei sozinha
A minha mãe, doente e já velhinha,
Para seguir por esse mundo inteiro.

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Cheguei. Ela dormia. Eu fui orar
Bem no beiral da cama onde essa santa
Repousava. E eu lhe disse: Mãe, levanta
E vem, seu filho ingrato, abençoar!

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Ela acordou, fitou seu pobre filho
E ao vê-lo soluçando, o olhar sem brilho,
Feliz, sorrindo, disse: Filho, pare!
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Eu quero apenas que você sorria...
Por isto, a Deus, eu peço todo dia
Que nunca mais o mundo nos separe!...
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Mesa de bar
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Confraternização de almas irmãs,
De sonhadores, místicos, boêmios.
Recanto bom onde a felicidade
Fixou residência e fez seu ninho.

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Aqui a face oculta se propaga
No álcool que se emana da bebida,
E tudo é riso... É sonho... é devaneio...
E todos se compreendem mutuamente.
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Mesa de bar é o aconchego amigo
Daqueles que procuram na poesia,
Um bom conforto para as suas mágoas.

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Mesa de bar és terna companheira
Daqueles que olvidando as suas dores
Vivem contigo as horas mais felizes.

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Os sonetos acima estão incluídos no livro "Breviário de Nice - Cem sonetos memoráveis de Jucá Santos", lançado no dia 27.04.2011, pelo poeta Cláudio Antonio Jucá Santos, presidente da Academia Maceioense de Letras.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Depoimento de Vera Romariz

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Crônica meio chata


. Vera Romariz .


Em novembro tive um diagnóstico de tumor neoplásico no seio: traduzindo, tratava-se de um câncer de mama. Nunca fumei, nunca bebi, não fiz reposição hormonal para (ironia das ironias) evitar o câncer, que chegou como um vendaval.


Ele veio; como um visitante inoportuno, instalou-se em minha casa um mês depois que fiz uma festa para amigos próximos, comemorando a alegria de ter alcançado (pensava eu) feliz e saudável os 60 anos. Entrou em meu cotidiano sem pedir licença, adiou sonhos, assustou o companheiro e comoveu os filhos que vieram de longe acompanhar minha luta ainda em curso.


Cultivei sempre a alegria e evitei olhar para a vida com lentes cinzentas; fui confiante, determinada e positiva em relação à maioria de minhas experiências. Gostava e gosto de brincar; julgo mesmo que o espírito artístico mantém um gosto de criança eterna em mim. Sorrir de mim mesma ou de situações sempre me fez bem; a alegria sempre foi uma segunda pele.


Se o espírito leve que existia em mim não evitou o sofrimento, ajudou a minimizá-lo; amada e bem protegida por ótimos médicos (Doutores Pedro Henrique, Patrícia Amorim e Gustavo Quintella), caminhei com bons apoios afetivos e profissionais, tentando entrever, em meio ao percurso doloroso, a estrela guia da Cura, sempre meio provisória.


O que aprendi nessa via crucis moderna? A consolidar a humildade, e a não esconder a verdade: o cansaço proveniente das sessões de químio me ensinou, a contragosto, a andar devagar, a pedir ajuda, a dizer claramente que tinha câncer, que estava em tratamento, quando precisava enfrentar uma fila inevitável. E recebi ajuda delicada e sensível de pessoas simples, que pegavam minhas compras, diziam palavras carinhosas, me encantavam. Os amigos foram mais que irmãos; os irmãos foram quase pais.


Julgo que o câncer me tornou uma pessoa melhor; mas, cá entre nós, que curso duríssimo! Mais duro que o vestibular de Medicina ou o meu doutorado. Agora, reinicio lentamente a fazer pequenos planos: ir a Salvador, cidade que amo e onde estão dois filhos e quatro netos; a Buenos Aires, talvez; à Europa, sempre que puder.


Enfim, aprendi que o câncer não arrancou de minha existência o que considero meu maior legado: a escrita, os meus afetos, e –enfim- eu mesma. Provisoriamente careca; a duras penas tentando voltar a ser feliz.
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VERA ROMARIZ nasceu em Maceió. É Doutora em Letras, professora e pesquisadora, neta do poeta penedense Sabino Romariz (1873-1913). Livros publicados: Quase Pássaro (1986), Campo Minado (1986), Amor aos Cinqüenta (2004) e Película (2008).
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(Reproduzida do Blog do Carlito Lima - http://carlitolimablog.blogspot.com/, com autorização da autora)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

II Festa Literária de Marechal Deodoro

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quinta-feira, 24 de março de 2011

Poemas de Lys Carvalho

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Ausência
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Minha memória inunda-se de lembranças,
frias e cálida, do dia em que partistes.
As mãos acenando, num vaivém,
marcavam um adeus...
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A chuva, fina e fria,
molhava meus cabelos,
enquanto as lágrimas quentes
rolavam pela face.
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Que cruel manhã!
De nostalgia, meu coração,
em luto, amarga tua ausência.
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E... aquelas mãos, no vaivém,
eternizavam tua lembrança.
..
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Colar de saudades
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Não quero perpetuar minha solidão.
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Quero
dividir minhas dores,
dissabores e amarguras.
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Quero
que presente estejas,
para descortinares meu coração e,
uma a uma, contares
as pérolas da minha saudade.
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Chama
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Acendeste a chama
do meu coração,
sofrido e amargurado,
que não aceitava mais amar.
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Hoje,
sorri para o amor!
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Lys Carvalho (Lysette Alves Freire de Carvalho) nasceu no Rio de Janeiro. Bacharela em Administração de Empresas, artista plástica da Arte Naif e poeta. Alagoana de coração, reside em Maceió há 23 anos. Membro do Movimento da Palavra, participou da “Antologia” publicada com trabalhos de integrantes do grupo em 2009. Os poemas acima integram o livro "INTERLACE", lançado no dia 14.03.2011. A autora publicou anteriormente os livros "Falo do amor e da paixão" (2005) e "Retalhos de um coração" (2007).

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Poema de Lou Correia

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Dimensões
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Ser chuva fina,
atemporal,
molhar teu corpo inteiro...
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Ser sol quente,
entranhar-me na tua pele,
aquecer-te todo.
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Ser lua nova,cheia, minguante;
nas solitárias madrugadas,
em todas as fases,
acalentar teus sonhos...
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Ser estrela cintilante, guia,
para iluminar-te os passos,
nesta vida sofrida...
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Ser presença afetiva, marcante,
dimensionada pelo bem-querer;
habitar-te os pensamentos,
estar contigo, sempre!
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Postado no blog do "Movimento da Palavra" (http://movimentodapalavra.blogspot.com/)

sábado, 29 de janeiro de 2011

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Este blog recebeu, pela segunda vez (2009/2010), o Prêmio Notáveis da Cultura Alagoana, categoria "Comunicação", em concurso promovido pelo Blog do Carlito Lima. Um agradecimento especial aos leitores/eleitores que participaram da votação via inernete.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A marcha da história
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Murilo Mendes (*)

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Eu me encontrei no marco do horizonte
Onde as nuvens falam,
Onde os sonhos têm mãos e pés
E o mar é seduzido pelas sereias.
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Eu me encontrei onde o real é fábula,
Onde o sol recebe a luz da lua,
Onde a música é pão de todo dia
E a criança aconselha-se com as flores.
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Onde o homem e a mulher são um,
Onde espadas e granadas
Transformaram-se em charruas,
E onde se fundem verbo e ação.
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Murilo Monteiro Mendes nasceu no dia 13 de maio de 1901, em Juiz Fora, Minas Gerais e morreu em Lisboa, no dia 13 de agosto de 1975. (Enviado por Pachoal Savastano)