
.
.
Pajuçara.
.
Quantos matizes
Precisa meu olhar
Pra colorir o beijo fogoso e morno
De tuas ondas
Sobre pálidas areias
Que depois de afagadas
Em seus montes de sargaços
Imaginam-se mulheres
Defloradas por luzes
Que vazam das silhuetas esguias
De teus coqueirais!..
.
.
.
.
Solidão em Pajuçara
.
Trago em mim fantasmas
Que me cercam de dia
E dias que me vestem de noites
E noites que se desnudam,
Lascivas e libidinosas,
Bailando num silêncio
De pausa na ópera,
Desde a sinfonia do amanhecer..
.
Pajuçara sem sol
E um mar cinza, cinza, cinza...
.
Meus olhos ardidos,
Vento nordeste
Embaçou meu sentir ...
.
Calo as palavras,Nada digo...
Apenas vejo imprecisa
A paisagem que me olha,
Surda e quase muda,
Tateando minha solidão castrada,
Para que ninguém mais possa senti-la.
.