domingo, 20 de junho de 2010

Poema de Saramago

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Espaço curvo e finito
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José Saramago
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Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

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(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)

Um comentário:

Sylvia Rosa disse...

Cada dia que nasce é o primeiro para uns...
O último para outros...
E, para a maioria é só um dia a mais.
(Saramago) Lindíssimo!
Parabens pela homenagem