domingo, 15 de julho de 2012


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O RETRATO
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Arlene Miranda
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Olhar parado na velha moldura,
Lembrança de quem foi um grande amante.
Conserva, ainda, a mesma candura
E o brilho na pupila rutilante.
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Os doces sonhos que deixou pra trás
Ardem na brasa de extremos fulgores,
Mesmo que dele já não restem mais
Lembranças vivas de velhos amores.
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Igual a mim, que morro lentamente,
Qual anciã que vem perdendo o viço,
Em silêncio se impõe ali na sala...
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Qual assassino que matou o tempo,
Jamais há de matar minhas lembranças,
Nem o ardor das minhas esperanças.

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