terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobre os poetas

.
Às vezes, as palavras queimam. Abrem lumes de prata na negrura da impossibilidade de as dizer. São lua que se derrete no mar. Luz. Música.
Silêncio líquido.
Nasce, então, a poesia: poeira lírica do céu que a mão frágil do poeta semeia.
Ousadia, talvez.
O poeta tem palavras enredadas nos dedos: rosários de amores e desencantos, de medos e de esperanças. Com elas, adoça a vida, escreve o mundo e partilha imagens como quem conta um segredo.
O poeta tem beijos na voz. E desenha com eles mapas de sentidos num tempo que não conta. Azul. Divinamente azul. Tecidos com fios de luz, bordados com o arrepio que o vento acende nas paredes dos olhos.
.
"Sobre os poetas", Graça Alves, publicado no “Jornal da Madeira”, edição de 16/11/2010, Funchal.

Nenhum comentário: