terça-feira, 25 de setembro de 2012

Poetas alagoanos quase esquecidos (10)



Dimensão dos sonhos
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Mendonça Júnior
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Antônio toma o teu veleiro e sai
sem rumo certo, para o mais além,
antes que o vento pare e a tarde acabe.
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Chega sempre mais longe quem não sabe
nem deseja saber aonde vai,
o que nenhum itinerário tem.
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Persegue o amanhã, o mais distante,
velas abertas, quilhas sobre os mares
e, por muito mais longe que chegares.
tenta sempre ir um pouco mais adiante.
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Solta os olhos andejos e tristonhos
no fugitivo azul do mais além,
o mar é grande, mas o mar não tem
a imensurável dimensão dos sonhos.
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Madrigal
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Mendonça Júnior
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Amo-te o corpo de mulher madura,
feito para as delícias do pecado,
de uma beleza tão serena e pura
que se diria em mármore talhado.
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Amo-te os olhos cheios de ternura,
cheios de desencanto resignado
de quem remove escombros à procura
de restaurar um deus despedaçado.
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Amo-te as mãos macias e pequenas
que a duas rosas se comparariam
se pudessem as rosas ser morenas.
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Amo-te a voz de aveludados tons,
de tons maviosos que me acariciam
como beijos puríssimos de sons.
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(*) Antônio Saturnino de Mendonça Júnior nasceu no Engenho Maranhão, Matriz de Camaragibe (AL), em 08 de março de 1908. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 24 de outubro de 1985. Poeta, jornalista, professor, juiz, advogado e deputado federal. Desempenhou outras funções públicas e deixou vários livros publicados. Foi presidente da Academia Alagoana de Letras. Era pai do jornalista, advogado, escritor, deputado estadual e federal por vários mandatos, Antônio Saturnino de Mendonça Neto, falecido aos 65 anos,  no dia 10 de novembro de 2010.

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