quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Poemas de Emílio de Maya

Emilio Eliseu de Maya
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Pétalas Esparsas
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Se amas alguém que é teu enlevo e encanto,

Vida e alegria do teu coração,
Zela por esse teu afeto quanto
Pela tua puríssima emoção.
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Não consintas jamais que ele se iguale
Às afeições comuns da humanidade.
Guarda bem na memória: o amor só vale
Quando é um produto da sinceridade.
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Sempre que é puro todo afeto é um bem
E o segredo do amor em si resume:
Pouco valor teria a flor também
Se não fosse a pureza do perfume.
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Tarde de Inverno
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.Tarde tristonha, enevoada e fria.
Não vejo o sol brilhante declinando,
Somente as águas que, da serrania,
Turvas, velozes descem murmurando.
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Que tarde triste! Assim ouvindo rente,

Passando a correnteza a soluçar,
Meu coração entristecido sente
Uma vontade imensa de chorar...
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A terra inteira se lastima agora,

Vendo-me só e vendo só tristeza
Eu soluço também. E quem não chora,
Vendo chorando toda a natureza?
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Se há de ser triste o meu entardecer,

Como esta tarde de prazer despida;
Oh Deus do céu! Não quero mais viver.
- Levai-me logo na manhã da vida.
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EMÍLIO ELISEU DE MAYA (1906-1939) jornalista, advogado e político, nasceu no Engenho Patrocínio, filho do casal Alfredo de Maya e Maria Regina Clarc Accioly de Maya. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 13 de março de 1939. Como deputado federal defendeu a independência econômica do Brasil, publicando em 1938 o livro “O Brasil e o Drama do Petróleo” (Editora José Olympio - Rio de Janeiro – RJ). É patrono da Cadeira nº 11, da Academia Maceioense de Letras. Por ocasião da passagem dos 60 anos do falecimento do poeta seus familiares promoveram a publicação do livro “Pétalas Esparsas”, reunindo grande parte de sua obra. Os poemas acima foram retirados do livro citado.

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