sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Poesia de Wilson Lucena Maranhão

Wilson Lucena Maranhão
.
.
Escárnio
.
Igualmente a flor que desabrocha em vão
E depois se curva para beijar o chão...
Eu vim ao mundo!...
Vim, vi e admirei essa monstruosidade,
Na esperança de um dia encontrar a felicidade...
Erro profundo!
Feliz o homem que do materno corpo
Foi vômito, foi carniça, foi aborto.
Oh! Deus que estais no céu, puro e misericordioso
Perdoai-me se sou um criminoso.
Por ti eu juro!
Se antes de eu nascer, a mim houvesse dado
Deste mundo o retrato, o significado...
Eu te asseguro!
Só a mim cabia a culpa de ser morto
Por praticar o crime de meu próprio aborto.
.
WILSON LUCENA MARANHÃO (1921-1994) nasceu em Viçosa - AL e passou a infância e adolescência entre as cidades de Quebrangulo e Palmeira dos Índios (AL). Filho do Coronel PM Lucena Maranhão, comandante da luta contra o cangaceiro Lampião e seu bando e, anos depois, prefeito de Maceió. Wilson Lucena, Funcionário Público Federal, foi agente do Loyde Brasileiro e superintendente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Deixou muitos poemas inéditos que serão transformados em livro por iniciativa dos filhos e netos. O poema acima foi transcrito do livro "Por-do-Sol", publicado por sua viúva, Míriam Tenório Lucena, em 2007.

Nenhum comentário: