quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Poemas de Jorge Cooper



Poema

Fui o auditório de meu pai
Dele ouvi coisas
com que a vida teci
Ele  me ensinou a não saber
precipitar amizades
A não viver dentro do círculo de giz
A inverter a ilusão
e a querer bem à humanidade
Sorver o sal e o mel do acaso
Não me procurar esperar-me

- E ainda há quem diga por aí
ser um zero à esquerda do nada
a vida por mim levada

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Poema 10

Um pai
é  para o filho
como um ponto no teatro

Às vezes o ponto
não é pelo ator
ouvido
- E o improviso dá em fiasco

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Poema 14

Eu sou
nos meus poemas
Eles têm o número exato
de palavras e
o tamanho em que
a inspiração se coube
- Eles são como a clara e a gema
no ovo

(Precisamente assim
como eu caibo em mim)

 
Jorge Cooper (1911-1991) nasceu em Maceió. Viveu no Rio de Janeiro e em São Luiz (MA). Retornou definitivamente à Maceió em 1982, quando conviveu com a nova geração de poetas alagoanos. Em 2010, foi publicada a antologia "Jorge Cooper - Poesia Completa", com prefácio do poeta Fernando Fiúza e um trabalho biográfico, contendo fotos das várias fases da vida do biografado, assinado por Charles Cooper, filho do poeta, intitulado "Jorge Cooper - Vida & Verso". Além disso, compõem o livro textos assinados por amigos do vate, como Lêdo Ivo, Wanderley de Gusmão, José Paulo Paes, Dirceu Lindoso, Marcos de Farias Costa e, ainda, a transcrição de entrevista de Jorge Cooper, por Ricardo Oiticica. JC faleceu em 28 de abril 1991.

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